Nos últimos anos, os mangás se tornaram altamente populares ao redor do mundo, mas eles não são os únicos: há uma entrada interessante de títulos como manhwa e manhua. Eu sei que pode parecer confuso, basicamente o som é igual, mas existem algumas diferenças que podem te ajudar a separar tudo. E é isso que iremos explicar aqui.
Pode parecer surpreendente, mas a palavra mangá não é originária do Japão, na verdade, assim como manhwa (만화) , os dois termos vieram do chinês, que usa manhua (漫画). O interessante é que em chinês, manhua pode ser traduzido como ‘Desenho Improvisado‘. E sim, basicamente, estamos falando de histórias em quadrinhos. Assim como é o caso das comics americanas ou dos gibis brasileiros. Tudo aqui é quadrinho. Entretanto, existe uma diferença de nacionalidade.
Internacionalmente, os leitores decidiram (por senso comum, talvez) separar os quadrinhos pelo lugar em que eles são publicados: mangás são os quadrinhos japoneses, manhwa são os coreanos e manhua são os chineses. Os artistas orientais também recebem títulos diferenciados: quem faz mangá é um mangaká. Quem faz manhwa, é um ‘Manhuwagá’ e quem faz Manhua, é um `Manhujia’. Ok, os termos são difíceis mesmo de falar.
O mangá hoje pode ser campeão de vendas nos Estados Unidos, Brasil e outros países, mas podemos dizer que a origem de sua popularidade estava nas mãos de um gênio chamado Osamu Tezuka, que possui Astro Boy como uma de suas criações mais famosas. Porém, há estudos que apontam que o primeiro mangá foi feito ainda entre os séculos 12 ou 13, com a publicação de Chōjū-giga – que era uma coleção de vários desenhos de animais feitos por diferentes artistas. Então, durante a Ocupação Americana, algo que rolou entre 1945 até 1952, os soldados americanos apresentaram os comics para os japoneses e isso os influenciou para criar novas histórias, mais parecidas com as que conhecemos hoje. A partir daí, os anos 60 fizeram com que os mangás ficassem em alta no Japão e, a partir dos anos 80, começou a ‘conquista mundial’.
Os quadrinhos originários da China, Taiwan e Hong Kong são chamados de Manhua. Acredita-se que sua origem seja do começo do século 20 com a introdução do processo de impressão litográfica. O tipo de história também era originalmente diferente: boa parte era voltada para a política, trazendo histórias sobre a guerra sino-japonesa e também sobre a ocupação japonesa de Hong Kong. Depois da Revolução Chinesa em 1949, apareçam diversas leis que censuravam os manhuas, dificultando sua publicação. Porém, com a chegada de plataformas como QQ Comic e VComic, os artistas começaram a fazer publicações próprias, sem precisar levar a nenhuma editora.
Durante a ocupação japonesa (entre 1910 e 1945) da Coreia, os soldados japoneses trouxeram sua cultura e linguagem para a sociedade coreana, incluindo seus mangás. Entre os anos 30 a 50, os manhwas eram usados como propaganda de guerra e também serviam para semear a ideologia política no povo. Eles ganharam mais popularidade nos anos 50 a 60, já que os artistas passaram a ter mais liberdade em suas publicações. Entretanto, a verdadeira explosão deste tipo de publicação se deu a partir de 2003, quando os coreanos começaram a criar webtoons, que nada mais eram do que manhwas publicados digitalmente em plataformas como Daum Webtoon, Naver Webtoon e LINE Webtoon.
Existem uma diferença entre o público-alvo que cada tipo de quadrinho oriental busca. Geralmente, a diferença se dá pelo gênero e idade. No Japão, temos:
Embora os mangás sejam publicados em volumes isolados aqui no Brasil e também nos Estados Unidos, no Japão é diferente. Basicamente, você compra uma revista mensal ou bimestral que traz um mix de histórias. Eles trazem capítulos para cada obra. Um exemplo é a Shonen Jump, que publica capítulos novos de One Piece e My Hero Academia juntos, por exemplo. Quando alguma obra ganha popularidade, aí sim ela recebe um volume próprio, chamado de tankobon.
Enquanto isso, os manhwas e manhuas recebem seus capítulos online através de suas publicações digitais, já que praticamente se popularizaram desta maniera.
Assim como os Comics americanos trazem vários elementos de sua cultura, os quadrinhos orientais também nos apresentam mais das culturas de seus respectivos países. É bem comum encontrar mangás com histórias sobre yokais, shinigamis, histórias colegiais ou gangues de delinquentes, são cenários ou elementos bem comuns para os mangás. Geralmente, os mangás acabam originando animes, que também ganharam bastante força em todo o mundo.
Uma curiosidade é que Osamu Tezuka se inspirou nos desenhos da Disney para criar personagens com os olhos grandes, bocas pequenas e expressões faciais exageradas para mostrar as emoções do personagem. E tal tipo de arte acabou se popularizando no Japão, influenciando diversos outros mangakás. Hoje, este tipo de arte acabou influenciando os desenhos ocidentais (praticamente como um ping-pong artístico).
Os mangás geralmente são publicados em preto e branco, entretanto, existem edições especiais e coloridas, como é o caso de Dragon Ball Full Color. Vale dizer que os mangás são lidos da direita para a esquerda. Outro fator que também serve de diferença é que os mangás possuem um grande destaque para as onomatopeias (alguns fãs preferem até que as editoras mantenham as originais em japonês), fazendo parte da arte dos quadrinhos.
As publicações coreanas trazem mais do cotidiano da Coreia do Sul, basicamente, temos histórias bem variadas, trazendo ação, romance e geralmente servindo de inspiração para serem adaptados para doramas (que se tornaram bem populares graças a Round 6) ou filmes. Porém, começamos a ver várias publicações coreanas ganhando animes próprios, um exemplo é o Tower of God, que está disponível na Crunchyroll.
As publicações coreanas seguem uma arte muito mais realista, trazendo basicamente proporções e aparências bem normais. Os manhwas também se preocupam muito com o cenário, buscando retratar a beleza do seu país, é quase como ver um quadro ou uma foto. Além disso, existem várias histórias de aventura baseadas em MMOs, praticamente como os isekai japoneses.
Os manhwas digitais são publicados em cores, mas quando passam para o físico, a publicação é em preto e branco, como os mangás japoneses. Os manhwas seguem o modelo de leitura que estamos acostumados, sendo da esquerda para a direita. É preciso dizer que os manhwas e manhuas também possuem onomatopeias, mas não da mesma forma que os mangás. De toda forma, por serem publicações digitais, há manhwas que usam música e até efeitos sonoros em suas histórias, para enriquecer a experiência.
Os quadrinhos chineses são mais realistas do que os mangás e também sofrem mais com a necessidade de serem autorizados para serem publicados, o que traz uma limitação para seus criadores. Assim, os mais comuns são os manhuas de romance e também de época ou aventuras de grandes mestres de artes marciais como Chinese Hero.
Assim como os manhwas, os manhuas são publicados digitalmente em cores. Dependendo da região em que eles são publicados, o modelo de leitura pode mudar, enquanto na China temos a leitura da esquerda para a direita, em Taiwan e Hong Kong, a leitura é da direita para a esquerda, como os mangás japoneses.
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